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Brasil e China firmam parceria para estudo de corredor ferroviário interoceânico

© Michel Corvelo/MT
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Brasil e China firmaram um memorando de entendimento para iniciar estudos conjuntos sobre a criação de um corredor ferroviário ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. O projeto prevê a integração das ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol), Centro-Oeste (Fico) e Norte-Sul (FNS) com o porto de Chancay, no Peru, recém-inaugurado e construído por investidores chineses.

A assinatura ocorreu nesta segunda-feira (7), na sede do Ministério dos Transportes, em Brasília. Os estudos serão conduzidos pela estatal brasileira Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e pelo instituto chinês China Railway Economic and Planning Research Institute.

No Brasil, parte do corredor já está em obras. A Fiol liga Ilhéus (BA) a Mara Rosa (GO), onde se conecta à Fico, que segue até Lucas do Rio Verde (MT). Em Mara Rosa, está previsto o entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul, que se estende de Açailândia (MA) a Estrela d’Oeste (SP).

A partir de Lucas do Rio Verde, ponto final da Fico, será construída a Ferrovia Bioceânica. Essa nova ligação ferroviária atravessará a fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, passará por Rondônia e o sul do Acre até alcançar o Peru, conectando-se ao porto de Chancay, localizado a cerca de 70 km da capital Lima.

Integração continental

A Ferrovia Bioceânica faz parte do programa Rotas de Integração Sul-Americana, lançado em 2023 pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. O objetivo é priorizar, dentro do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), projetos que conectem modais rodoviários, ferroviários e fluviais nas regiões de fronteira com os países vizinhos.

O memorando estabelece que a estatal chinesa fará um levantamento técnico detalhado da infraestrutura ferroviária nacional, com foco na integração entre diferentes modais – ferrovias, rodovias, hidrovias, portos e aeroportos – e nos projetos logísticos já existentes.

Atualmente, a região por onde passará a futura Ferrovia Bioceânica já possui conexões rodoviárias em funcionamento. No Brasil, a BR-364 e a BR-317 garantem a ligação até a fronteira com o Peru, que, por sua vez, conta com a estrada Irsa Sur, responsável por conectar o interior do país ao porto de Chancay.

A concepção da Ferrovia Bioceânica envolveu articulações entre os Ministérios do Planejamento, da Casa Civil e dos Transportes, além de diálogos com o governo e o Congresso peruano.

O projeto Rotas de Integração representa um dos quatro pilares estratégicos acordados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, no encontro bilateral realizado em novembro de 2024. Além das Rotas, o pacto também inclui o Novo PAC, o programa Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica.

Como parte da cooperação, uma delegação do China Railway Economic and Planning Research Institute esteve no Brasil em abril deste ano, reunindo-se com representantes do governo. Em maio, o projeto voltou a ser mencionado durante a visita oficial do presidente Lula à China.

Apoio do Brics

A formalização do acordo Brasil-China coincidiu com o encerramento da Cúpula de Líderes do Brics, realizada nesta segunda-feira (7) no Rio de Janeiro. Em declaração conjunta divulgada no domingo (6), os países do bloco se comprometeram a fomentar o diálogo para ampliar a infraestrutura de transportes entre nações em desenvolvimento.

“Esperamos promover ainda mais o diálogo sobre transportes para atender às demandas de todas as partes interessadas e aprimorar o potencial de transporte dos países do Brics, respeitando, ao mesmo tempo, a soberania e a integridade territorial de todos os estados-membros no âmbito da cooperação em transportes”, afirmou o comunicado.

O texto também destaca que o fortalecimento das conexões logísticas deve impulsionar o crescimento econômico, promovendo sustentabilidade e integração entre os países do bloco.
“Reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento de uma infraestrutura de transporte sustentável e resiliente, reconhecendo seu papel crítico no crescimento econômico, na conectividade e na sustentabilidade ambiental”, conclui o documento.

Fonte: Agência Brasil

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