Economia

Haddad defende aumento de impostos para casas de apostas e critica tratamento fiscal anterior

© Diogo Zacarias/MF
© Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (8) que as plataformas de apostas esportivas online — conhecidas como bets — devem pagar mais impostos no Brasil. Segundo ele, esse tipo de atividade deve ser tributada de forma semelhante a produtos como cigarros e bebidas alcoólicas, que têm impacto social e são alvo de maior regulação fiscal.

“O governo passado tratou as bets como se fossem instituições de caridade, como a Santa Casa, sem cobrar um único imposto durante quatro anos”, declarou Haddad em entrevista. Ele destacou que essas empresas estão lucrando alto no país, sem gerar empregos significativos, e enviando grande parte do dinheiro arrecadado para o exterior. “Que benefício o Brasil tem com isso?”, questionou.

Na visão do ministro, é preciso estabelecer um enquadramento claro e rigoroso para esse setor. “Assim como o cigarro e o álcool, é uma área difícil de controlar. A história mostra que proibir não funciona, então precisamos regulamentar e tributar de forma adequada.”

Equilíbrio fiscal e críticas à oposição

Haddad afirmou que medidas como a taxação das bets são essenciais para fortalecer as finanças públicas. “Estamos há uma década tentando alcançar resultados fiscais consistentes, para garantir o crescimento econômico, manter o desemprego em baixa e a inflação sob controle. Mas parece que alguns estão tentando sabotar esse esforço em nome da eleição do ano que vem”, criticou.

Imbróglio do IOF

Durante entrevista ao portal Metrópoles, o ministro também comentou o impasse sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), afirmando que o assunto não deve ser tratado como uma disputa política acirrada. “Não é um Fla-Flu. Esse tipo de confronto não interessa a ninguém. Prefiro adotar uma postura institucional”, afirmou.

O embate entre Executivo e Congresso sobre a elevação do IOF levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a suspender tanto o decreto do governo que aumentava o imposto quanto o que foi aprovado pelo Legislativo para anulá-lo. Moraes convocou uma audiência de conciliação entre as partes, marcada para o próximo dia 15 de julho, em Brasília.

Haddad disse que não pretende antecipar-se ao julgamento do Supremo, mas destacou que o governo está empenhado em encontrar uma solução por meio do diálogo. Ele também informou que está se preparando para se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para tratar do assunto.

“Quando um não quer, dois não brigam. E nós não queremos confronto. Não tenho o direito de romper relações com o presidente da Câmara. Ele representa um poder constitucional e é fundamental para o bom andamento do país. Eu sou ministro, não fui eleito. Ele, sim, é um poder instituído. Sempre estive aberto à negociação e só saio da mesa com um acordo firmado”, declarou.

Isenção no Imposto de Renda

O ministro ainda falou sobre o projeto que propõe isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Segundo ele, há otimismo quanto à aprovação da proposta, e o governo tem mantido diálogo constante com o relator do projeto, o deputado Arthur Lira.

“Lira tem mantido conversas frequentes conosco, tanto presencialmente quanto online. Acredito que o texto será aprovado com amplo apoio no Congresso”, concluiu Haddad.

Fonte: Agência Brasil

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