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Brasil reage a críticas de vice-secretário dos EUA e acusa Washington de atacar soberania nacional

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais repudiaram as declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que criticou o sistema judiciário brasileiro. Em publicação, o diplomata afirmou que “um único ministro do STF [Supremo Tribunal Federal] usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros Poderes”.

Em nota divulgada na noite de sábado (9), o Itamaraty classificou a fala como um “ataque frontal” à soberania nacional. “Essa manifestação caracteriza novo ataque frontal à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem”, afirmou a pasta.

O ministério ressaltou que essa foi a segunda manifestação hostil do governo norte-americano em três dias e informou que já havia expressado, na sexta-feira (8), seu “absoluto rechaço” à ingerência dos EUA nos assuntos internos do Brasil.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também reagiu, classificando as declarações como “arrogantes” e uma “gravíssima ofensa” ao país, ao STF e à verdade. Para ela, quem tentou usurpar o poder no Brasil foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, e não o Judiciário. “Se querem mesmo ‘restaurar uma amizade histórica’, comecem por respeitar a soberania do Brasil, de nossas leis e Justiça, e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia”, declarou.

Landau, sem citar diretamente Alexandre de Moraes, afirmou que um magistrado teria concentrado poder de forma excessiva e “destruído a relação histórica de proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. A publicação, feita originalmente em inglês, foi traduzida e compartilhada pela Embaixada dos EUA no Brasil.

Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios norte-americano, Gabriel Escobar, para expressar oficialmente sua insatisfação com as recentes declarações. Dois dias antes, a embaixada havia traduzido e divulgado uma fala do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, que advertia autoridades brasileiras contra qualquer apoio a Moraes, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” a Bolsonaro.

Os Estados Unidos mantêm sanções financeiras contra Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos e corrupção. Washington também associou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros à atuação do STF. O governo de Donald Trump tem criticado as decisões da Justiça brasileira, especialmente as relacionadas a processos contra Bolsonaro e à remoção de conteúdos e bloqueio de redes sociais.

Fonte: Agência Brasil

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