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Ações da Petrobras despencam após pagamento de dividendos abaixo da expectativa

© Arquivo/Agência Brasil
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A forte queda das ações da Petrobras nesta sexta-feira (8), na B3 — Bolsa de Valores de São Paulo —, foi atribuída à frustração do mercado com o valor dos dividendos anunciados pela companhia. A avaliação é do diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, Fernando Melgarejo.

Segundo ele, o resultado foi influenciado por fatores não recorrentes que afetaram o lucro no trimestre, mas que não devem se repetir. “Talvez tenha havido uma frustração em relação à expectativa de distribuição dos dividendos neste trimestre. Isso foi impactado por eventos pontuais. O mercado reage a essas circunstâncias, mas acreditamos que seja passageiro”, afirmou.

No momento da entrevista, as ações ordinárias caíam cerca de 7%, queda semelhante à registrada na Bolsa de Nova York (NYSE).

Lucro menor, mas recuperação em relação a 2024

Na noite de quinta-feira (7), após divulgar o balanço do segundo trimestre, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) — o equivalente a R$ 0,67192409 por ação. O governo federal, que detém 50,26% das ações com direito a voto (incluindo a participação do BNDES), receberá cerca de 29% do valor. O BNDES ficará com aproximadamente 8%.

No segundo trimestre de 2025, a estatal registrou lucro líquido de R$ 26,7 bilhões — 24,3% menor que no trimestre anterior, mas revertendo o prejuízo de R$ 2,6 bilhões do mesmo período de 2024.

Perspectiva do mercado

Apesar da queda nas ações, Melgarejo destacou que os resultados operacionais são considerados positivos e que 75% dos 16 analistas que acompanham a empresa recomendam compra. Ele ressaltou que a Petrobras segue focada em aumentar a produção e recompor reservas.

Sobre dividendos extraordinários — pagamentos adicionais aos já previstos —, o diretor afirmou que gostaria de distribuí-los, mas isso dependerá de um excedente de caixa após cobrir todos os investimentos (capex) e despesas operacionais (opex).

Um dos fatores que pode limitar essa possibilidade é o preço do petróleo. No segundo trimestre, o barril do tipo Brent foi negociado a uma média de US$ 67,82, cerca de 10% abaixo do valor do primeiro trimestre. Para a empresa, tanto o preço quanto o volume vendido serão determinantes para novas distribuições.

Posição dos petroleiros

Enquanto o mercado lamenta a ausência de dividendos extras, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) considera positivo que uma parcela maior dos lucros seja mantida na companhia para ampliar investimentos.

Em nota, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, afirmou: “Houve uma redução no ritmo de expropriação da riqueza da maior empresa do país. Estamos atentos para que esta seja uma tendência na política da companhia.”

De acordo com a política de dividendos da Petrobras, se o endividamento bruto estiver no limite ou abaixo do teto definido no Plano de Negócios (atualmente US$ 75 bilhões), e cumpridas as demais condições, a empresa deve distribuir 45% do fluxo de caixa livre aos acionistas.

Fonte: Agência Brasil

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