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Alckmin discute com secretário dos EUA medidas contra tarifas a produtos brasileiros

© Valter Campanato/Agência Brasil
© Valter Campanato/Agência Brasil

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também responde pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, revelou nesta quinta-feira (24) ter conversado por telefone com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sobre as tarifas impostas a produtos brasileiros. O diálogo ocorreu no último sábado (19) e marcou o primeiro contato direto entre representantes de alto escalão dos dois governos desde que o presidente norte-americano Donald Trump anunciou a nova política tarifária contra o Brasil, há duas semanas.

“Foi uma conversa longa e importante, em que colocamos todos os pontos e reafirmamos o interesse do Brasil em buscar uma solução negociada para a questão”, afirmou Alckmin.

Ele destacou que o presidente Lula orientou que o diálogo seja conduzido com foco técnico e diplomático, evitando contaminações políticas ou ideológicas. “Ao invés de entrarmos em uma lógica de perde-perde, com inflação nos Estados Unidos e queda nas nossas exportações, queremos reverter esse cenário. Nossa proposta é fortalecer a integração econômica, promover investimentos mútuos, discutir a não bitributação e avançar numa agenda positiva”, acrescentou o vice-presidente.

Questionado sobre a reação de Lutnick, Alckmin evitou dar detalhes, mas disse que o clima da conversa foi construtivo. “Foi uma boa conversa, durou quase 50 minutos e foi bastante proveitosa. Agora é aguardar. São tratativas institucionais e, por isso, devem ser conduzidas com discrição, mas o Brasil está pronto para dialogar”, reforçou.

Alckmin está à frente do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado pelo governo federal para responder às tarifas norte-americanas, que devem entrar em vigor no dia 1º de agosto. Desde então, ele tem mantido reuniões com diversos setores da economia impactados pelas novas barreiras, incluindo indústrias e o agronegócio.

Na manhã desta quinta-feira (24), ele se reuniu com representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), da fabricante de armas Taurus e da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (ANIAM), setor com forte presença no mercado norte-americano. Também participou de encontro com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

Em paralelo, o governo brasileiro tem buscado respaldo internacional. Em manifestação na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil defendeu que sanções comerciais não devem ser usadas para interferir na soberania dos países.

No início de julho, o presidente Lula recebeu uma carta de Donald Trump justificando as tarifas e mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. No texto, Trump pede anistia a Bolsonaro, o que adiciona um componente político à disputa comercial.

Lula já declarou que o Brasil poderá adotar medidas de reciprocidade caso as tarifas entrem em vigor e sejam mantidas. No entanto, nenhuma decisão foi tomada até o momento. A expectativa é que qualquer resposta concreta só ocorra após o início da vigência das tarifas, previsto para a próxima semana.

Fonte: Agência Brasil

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