CMN fecha brecha e proíbe uso de crédito agrícola para desmatamento

A partir de agora, operações de desmatamento não poderão mais ser financiadas com recursos do crédito de custeio agrícola. Em reunião extraordinária realizada nesta terça-feira (1º), o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu eliminar uma brecha que permitia que desmatadores acessassem esses recursos ao classificar a prática como uma “pequena despesa de investimento”.
A decisão faz parte das novas regras do Plano Safra 2025/2026, que destinará R$ 516,2 bilhões ao financiamento do agronegócio brasileiro.
Segundo nota do Ministério da Fazenda, a exclusão do desmatamento da regra que autorizava o uso de até 15% do crédito de custeio para pequenas despesas de investimento visa “evitar o incentivo à prática por meio de crédito rural”.
Medidas ambientais reforçadas no Plano Safra
Além de proibir o uso de crédito para desmatamento, o CMN adotou novos critérios socioambientais para concessão de recursos:
- No programa RenovAgro (de incentivo à agricultura de baixa emissão de carbono), passa a ser permitido o financiamento de:
- Ações de prevenção e combate a incêndios em áreas rurais;
- Plantio de espécies nativas para restaurar Áreas de Preservação Permanente (APP) e reservas legais;
- Instalação de biodigestores e sistemas de gestão de resíduos da produção animal, com geração e armazenamento de energia.
- Destoca (remoção de tocos e raízes de árvores) passa a ser proibida, exceto quando se tratar de renovação ou conversão de florestas plantadas.
Novidades no Pronaf
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), voltado para pequenos agricultores, também teve regras ampliadas:
- Criação de uma nova linha para Adaptação às Mudanças Climáticas, com foco em sistemas de irrigação e uso de energia solar;
- Ampliação da lista de culturas financiáveis na categoria hortícolas, incluindo gengibre, mandioquinha-salsa, camapu (physalis), ervas medicinais e plantas ornamentais;
- No Pronaf Floresta, passa a ser permitida a compra de matrizes e reprodutores para projetos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF);
- No Pronaf Bioeconomia, foram incluídos projetos de:
- Coleta de sementes nativas;
- Criação de viveiros de mudas;
- Instalação de infraestrutura de irrigação alimentada por energia fotovoltaica.
Composição do CMN
O Conselho Monetário Nacional é um órgão colegiado responsável por formular a política monetária e de crédito no país. É presidido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e composto pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Fonte: Agência Brasil