Delegado da Cunha é afastado das atividades após criticar administração pública de São Paulo
O delegado da Polícia Civil de São Paulo e youtuber, Carlos Alberto da Cunha, popularmente conhecido apenas como Delegado da Cunha, foi afastado das atividades policiais nesta quarta-feira (28). A decisão de afastamento foi assinado pelo delegado-geral da PC-SP, Ruy Ferraz e confirmada pelo próprio Cunha em seu canal no Youtube.
A alegação do afastamento é de que as ações do delegado youtuber representam grande perigo à polícia e à população. Com a decisão, Cunha terá de entregar armas e distintivo, passando a atuar apenas em serviços internos da corporação. O processo atual trata das declarações dadas por Cunha em um famoso podcast na internet, em que ele afirmou haver “ratos e ratazanas na administração pública de São Paulo” que precisavam ser identificados e combatidos. No podcast o delegado da Cunha estava acompanhado do vereador carioca Gabriel Monteiro, outro policial que foi afastado da polícia por se exibir na internet.
A declaração do delegado foi vista como um comentário depreciativo à corporação, vedado pela polícia. Cunha também é investigado em outros seis processos administrativos, na maior parte deles por condutas durante as suas operações transmitidas pelo YouTube.
Para rebater as atuais acusações de que representa um perigo para corporação, o delegado fez uma transmissão ao vivo de cerca de 1 hora no seu canal do YouTube. Ele alega não ter falado da Polícia e sim da administração pública e afirma ser ‘vítima de perseguição’ pela ‘inveja’ e ‘vaidade’ do delegado-geral.
“Eu falei sobre a administração pública. Não fica esquisito? Eu não estou acusando ninguém. Alias, se prepara, quando eu virar parlamentar o ‘pau vai comer’”, destaca em seguida em tom de ameaça. Mais adiante o delegado youtuber chama o delegado geral de “covarde” por ter assinado a decisão.
Cunha informou que vai pedir na Justiça a reversão da decisão e que irá processar Ferraz por assédio moral.
Segundo afastamento do delegado
Há cerca de um mês, o Delegado da Cunha já havia sido afastado das operações de rua em outro processo administrativo. A decisão, porém, não previa que ele entregasse armas e distintivo. A decisão anterior também não impediu que ele voltasse às ruas e fosse até a região da Cracolândia, em São Paulo, e publicasse uma foto empunhando uma arma próximo aos dependentes químicos que circulam no local.
Sobre a ida à Cracolândia, Da Cunha alega não estar fazendo operações de rua, mas sim produzindo um documentário como parte de um estudo em que vai expor todo o processo de venda de drogas na região. Segundo ele, se trata de uma investigação apenas interna’ chamada de Operação São Paulo. (fonte: Carta Capital)