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Dólar dispara e ultrapassa R$ 5,50 em meio a tensões entre EUA e China e incertezas fiscais no Brasil

© Valter Campanato/Agência Brasil
© Valter Campanato/Agência Brasil

Em um dia marcado por forte instabilidade nos mercados interno e externo, o dólar disparou e rompeu a barreira dos R$ 5,50 pela primeira vez desde o início de agosto. Já a bolsa de valores brasileira voltou a cair, acumulando perdas de quase 4% neste mês de outubro. O movimento foi impulsionado por novas tensões comerciais entre Estados Unidos e China e por crescentes preocupações com a situação fiscal do Brasil.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (10) cotado a R$ 5,503, em alta de 2,38% (ou R$ 0,128) no dia. Apesar de ter iniciado o pregão em queda, chegando a R$ 5,36, a moeda norte-americana inverteu o sinal logo nos primeiros minutos de negociação e atingiu a máxima de R$ 5,51 durante a tarde. É o maior patamar desde 5 de agosto.

Com o avanço, o dólar acumula alta de 3,13% na semana e 3,39% em outubro, embora ainda registre queda de 10,95% em 2025.

A B3 também enfrentou um pregão negativo. O Ibovespa fechou aos 140.680 pontos, recuando 0,73% no dia — o menor nível desde 3 de setembro. No acumulado da semana, o índice caiu 2,44%, e no mês, 3,8%.

A combinação entre a piora no cenário internacional e a incerteza fiscal interna fez do real a moeda de pior desempenho entre os emergentes nesta sexta-feira.

Tensões entre EUA e China aumentam a pressão

No ambiente global, o principal fator de instabilidade foi o anúncio de uma nova ofensiva comercial dos Estados Unidos contra a China. O presidente norte-americano Donald Trump afirmou na plataforma Truth Social que seu governo “está calculando um grande aumento de tarifas sobre produtos chineses”, em resposta à decisão de Pequim de reforçar o controle sobre a exportação de terras raras — insumo essencial para a indústria de tecnologia.

Horas depois, Trump confirmou a imposição de uma tarifa de 100% sobre produtos da China, o que deve agravar ainda mais as tensões e gerar impacto adicional nos mercados quando reabrirem na segunda-feira (13).

Os efeitos já foram sentidos nesta sexta: os preços do petróleo caíram mais de 4%, com o barril do tipo Brent encerrando a US$ 62,73, o menor nível em cinco meses. As bolsas norte-americanas também recuaram fortemente — o S&P 500 caiu 2,71%, o Nasdaq, 3,56%, e o Dow Jones, 1,88%. Diante da aversão ao risco, investidores migraram para ativos considerados seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA.

Incerteza fiscal volta a preocupar investidores

No Brasil, além da pressão externa, o mercado reagiu negativamente à derrubada da medida provisória (MP) que previa aumento na tributação de determinados investimentos. A decisão cria um rombo estimado em R$ 17 bilhões nas contas públicas de 2026, ano de eleições.

Com isso, cresce a preocupação sobre o ajuste fiscal e o cumprimento das metas orçamentárias. O governo deve discutir, na próxima semana, alternativas para compensar a perda de arrecadação provocada pela MP.

Fonte: Agência Brasil

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