Lucro do Banco do Brasil cai 40,7% no semestre com novas regras contábeis e alta da inadimplência

O Banco do Brasil registrou queda expressiva no lucro no primeiro semestre de 2025. Entre janeiro e junho, o lucro líquido ajustado foi de R$ 11,2 bilhões, recuo de 40,7% em relação ao mesmo período de 2024, conforme balanço divulgado na noite desta quinta-feira (14).
Somente no segundo trimestre, o lucro foi de R$ 3,8 bilhões — 60% menor que no mesmo intervalo do ano passado. Segundo a presidente do banco, Tarciana Medeiros, 2025 será um ano de ajustes para preparar o terreno para um novo ciclo de crescimento. A instituição projeta fechar o ano com lucro entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, abaixo do recorde de R$ 37,9 bilhões alcançado em 2024.
A queda nos resultados foi influenciada por novas regras contábeis impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em vigor desde janeiro, e pelo avanço da inadimplência. As mudanças alteraram o cálculo das provisões para perdas e o reconhecimento de receitas, fazendo com que o BB deixasse de registrar cerca de R$ 1 bilhão em juros de operações com atraso superior a 90 dias.
Inadimplência em alta
O índice de inadimplência para atrasos acima de 90 dias atingiu 4,21% no segundo trimestre, contra 3,86% no início do ano e 3% no mesmo período de 2024. O aumento foi puxado principalmente pelo agronegócio, segmento no qual o BB é líder em concessão de crédito.
Revisão das projeções
Com a retração no lucro, o banco revisou suas projeções para 2025:
- Crescimento da carteira de crédito: de 3% a 6% (antes, 5,5% a 9,5%);
- Margem financeira bruta: R$ 102 bilhões a R$ 105 bilhões;
- Custo do crédito: R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões;
- Lucro líquido ajustado: R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões;
- Receitas com serviços e despesas administrativas mantidas nas previsões anteriores.
Crédito e receitas
Apesar do lucro menor, a carteira de crédito ampliada cresceu 1,3% no trimestre e 11,2% em 12 meses, chegando a R$ 1,3 trilhão. Destaques por segmento:
- Pessoa Física: R$ 342,6 bilhões (+8% em 12 meses), com impulso do novo consignado para trabalhadores CLT.
- Pessoa Jurídica: R$ 468 bilhões (+14,7% em um ano), sendo R$ 271 bilhões para grandes empresas.
- Agronegócio: R$ 404,9 bilhões (+8% em 12 meses), com R$ 225,8 bilhões liberados no Plano Safra 2024/2025.
- Crédito Sustentável: R$ 396,5 bilhões (+10,6% em 12 meses).
As receitas de prestação de serviços somaram R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre, alta de 4,7% sobre o trimestre anterior, mas 1% abaixo do registrado no mesmo período de 2024. As despesas administrativas chegaram a R$ 9,7 bilhões, influenciadas por contratações e reajustes salariais.
Menos dividendos
Com o recuo nos lucros, a fatia do lucro distribuída aos acionistas caiu de 40% para 30%. A queda impactou a projeção do governo para dividendos das estatais, reduzida de R$ 43,4 bilhões para R$ 41,9 bilhões em 2025.
Fonte: Agência Brasil