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Lula recebe Narendra Modi e defende maior protagonismo de Brasil e Índia no cenário global

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira (8), no Palácio da Alvorada, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em visita oficial a Brasília. O líder indiano chegou à capital após participar da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. A visita reforça os laços diplomáticos entre as duas maiores democracias do hemisfério Sul e acontece em um momento de crescente articulação dos países emergentes.

Durante declaração conjunta à imprensa, Lula destacou a importância de Brasil e Índia ocuparem um papel mais relevante na governança internacional. Ele voltou a defender a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão dos dois países como membros permanentes.

“Brasil e Índia têm um enorme potencial. Por isso, exigimos nosso lugar no Conselho de Segurança. Não é mais admissível ver a ONU fragilizada e desconsiderada. Justamente os membros permanentes, que deveriam zelar pela paz, são os que mais fomentam guerras”, afirmou Lula.

Modi concordou com a posição brasileira e destacou que a parceria entre os dois países contribui para a estabilidade mundial. “Índia e Brasil formam um alicerce importante para o equilíbrio global. Defendemos que todas as disputas sejam resolvidas por meio do diálogo e da democracia. Nossas posições contra o terrorismo também estão alinhadas, com tolerância zero”, declarou.

Fortalecimento da cooperação

Lula afirmou que ampliar a cooperação em áreas estratégicas é essencial para aproximar ainda mais os dois países. “Índia e Brasil são nações de grande expressão. Com democracias consolidadas, culturas ricas e economias dinâmicas, não faz sentido estarmos distantes. A aproximação é natural”, observou.

Comércio bilateral e integração econômica

O presidente brasileiro defendeu a ampliação do acordo entre o Mercosul e a Índia para reduzir barreiras tarifárias e impulsionar o comércio. Ele destacou que apenas 14% das exportações brasileiras para o país asiático estão atualmente contempladas no acordo comercial, e que há grande espaço para crescimento, especialmente nos setores de turismo, negócios e cultura.

A Índia ocupa a décima posição entre os principais parceiros comerciais do Brasil. Em 2024, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu US$ 12 bilhões — com exportações brasileiras de US$ 5,26 bilhões, puxadas por açúcar, petróleo bruto, óleos e aeronaves. Já as importações totalizaram US$ 6,8 bilhões, colocando a Índia como a sexta maior fornecedora de produtos ao Brasil.

Modi afirmou que o objetivo é ampliar significativamente esse fluxo comercial nos próximos anos. “Queremos elevar a cooperação econômica a um novo patamar e alcançar a marca de US$ 20 bilhões em comércio bilateral. Para isso, vamos trabalhar na ampliação do acordo entre a Índia e o Mercosul”, disse.

Novos acordos e iniciativas conjuntas

Durante o encontro, Brasil e Índia assinaram diversos acordos, entre eles:

  • Cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional;
  • Memorando de entendimento na área de energia renovável, com foco em transmissão elétrica;
  • Parceria para compartilhar soluções digitais em larga escala, voltadas à transformação digital.

Na pauta ambiental, Lula reforçou o protagonismo conjunto dos dois países. “Chegaremos à COP 30 como líderes da transição energética justa, provando que é possível reduzir emissões, crescer economicamente e promover inclusão social”, declarou.

O presidente também lembrou que a Índia possui o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo e está avançando na meta de misturar 20% de etanol à gasolina e 5% de biodiesel ao diesel.

Lula anunciou ainda que, em agosto, será realizada em Nova Délhi, em parceria com a ONU, a segunda rodada do Balanço Ético Global, evento preparatório para a COP 30, com foco na mobilização da sociedade civil global.

Ele também elogiou a candidatura da Índia para sediar a COP 33, afirmando que isso reforça o protagonismo dos países emergentes no combate à mudança climática.

Críticas aos EUA

Ao final de sua fala, Lula criticou declarações recentes do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que ameaçou impor tarifas a países que mantenham relações comerciais com o Brics.

“Não aceitamos qualquer tentativa de deslegitimar o Brics. É inaceitável que o presidente dos Estados Unidos insinue que vai taxar nações que façam comércio com o grupo”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil

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