Covid-19

Pesquisa inédita: Coronavac será testada em crianças e adolescentes no Espírito Santo

Crianças e adolescentes capixabas poderão participar de um estudo inédito no Brasil para avaliar a eficácia da vacina da Coronavac. A pesquisa, que teve inicio nesta sexta-feira (14), também irá avaliar a segurança e a produção de anticorpos e células de defesa de pessoas de 3 a 17 anos. Ao todo, 1.280 crianças e adolescentes da Grande Vitória devem participar do projeto, batizado de Curumim, no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes). Para participar, o jovem voluntário não pode ter recebido nenhuma dose de vacinas contra a covid-19.

Intitulada “Eficácia, Imunogenicidade e Segurança da Vacina Inativada (Coronavac) contra Sars-Cov-2 em Crianças e Adolescentes”, o estudo é realizado por pesquisadores do Hucam com apoio da Fiocruz/Instituto René Rachou, do Instituto Butantan e da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).

A pesquisa irá fazer um comparativo dos dados levantados sobre a vacina Coronavac com a vacina da Pfizer. A pediatra infectologista e pesquisadora do projeto, Ana Paula Burian, explicou ao Folha Vitória que a aplicação das vacinas no estudo será dividido por faixa etária.

“A pesquisa vai comparar a resposta das vacinas. As crianças menores de cinco anos vão receber a vacina da Coronavac. As crianças de 5 a 11 anos serão divididas em dois grupos: um vai receber a vacina da Covonavac e o outro irá receber a vacina pediátrica da Pfizer. Já os adolescentes de 12 a 17 anos, também serão divididos em dois grupos: um receberá a Coronavac e o outro a vacina da Pfizer adulta”, disse.

De acordo com a médica responsável pelo estudo, Valéria Valim, a pesquisa é importante para que a vacina desenvolvida pelo Butantan possa ser incluída como uma opção de imunizante para crianças no Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.

A pediatra pneumologista e aluna de doutorado no projeto Curumim, Carolina Strauss, lembra que a Coronavac é uma vacina inativada, ou seja, o vírus inteiro é morto e, então, aplicado como vacina. “Essa tecnologia é muito conhecida e utilizada há muitos anos e tem a vantagem de induzir uma grande diversidade de resposta, além de ser mais segura, ou seja, produz menos efeitos colaterais. Pelo mesmo motivo, também é menos eficaz. No entanto, as crianças maiores de 3 anos têm um sistema imunológico muito ativo e respondem às vacinas melhor do que os adultos. Por isso, há uma base científica para considerar que uma vacina inativada pode ser suficientemente eficaz e com menos efeitos colaterais em crianças”, reforçou.

Ana Paula Burian lembra que, durante todo o estudo, os voluntários serão acompanhados pelos pesquisadores. A previsão é que o estudo leve cerca de um ano para ser concluído. “Durante o período do estudo, vamos fazer o acompanhamento desses pacientes. Há datas pré-programadas de coleta de sangue. Cada faixa etária tem o seu cronograma para avaliar o nível de resposta”, complementou.

Como participar do estudo?

Para participar do estudo, os pais interessados poderão agendar a vacinação dos filhos pelo e-mail projetocurumim.es@gmail.com ou pelo site www.curumim.es.gov.br, que estará ativo a partir da próxima semana. Para receber a vacina, as crianças e os adolescentes devem estar acompanhados por um responsável legal.

Para os pais que tem receio de incluir os filhos na pesquisa, Ana Paula orienta que busquem informações e esclareça suas dúvidas sobre o tema. A médica pediatra lembra que a maior preocupação dos familiares deve ser com a doença. “Se ele tem dúvida, pode entrar no site do projeto, que estará disponível a partir da próxima semana, e conhecer. As dúvidas surgem quando não se conhece o assunto. Quando a gente passa a conhecer, buscar uma fonte confiável, as dúvidas desaparecem. Nossos pais confiaram na vacina da pólio. É muito importante que as pessoas entenderam que o Brasil só tem queda da mortalidade infantil por conta vacinação das crianças contra várias doenças. Não temos que ter medo da vacina, temos que ter medo da doença”, destacou.

Quais sãos os efeitos colaterais?

De acordo com as pesquisadores, efeitos colaterais podem ocorrer de forma leve e com curta duração. Os mais comuns são dor, vermelhidão, inchaço ou coceira onde a injeção é aplicada, cansaço ou indisposição geral, calafrios ou febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas juntas, enjoos e dor de barriga, perda de apetite e suores excessivos. Efeitos colaterais sérios são raros.

Onde será realizada a vacinação do estudo?

A avaliação e a vacinação serão realizadas no Hucam-Ufes, no laboratório do Projeto Elsa Brasil, diariamente das 10 às 12 horas e das 13 às 16 horas, mediante agendamento.

Quem pode participar do estudo no ES?

Crianças e adolescentes de 3 a 17 anos que ainda não receberam vacina contra a covid-19, independente de terem contraído o vírus ou não. Não poderão participar do estudo adolescentes gestantes, crianças com história de reação alérgica grave a qualquer vacina previamente administrada, quem já recebeu a vacina contra covid-19 em outra oportunidade, crianças e adolescentes com história pessoal de Síndrome Inflamatória Multissistêmica (MIS-C) relacionada ao SARS-CoV-2 e imunossuprimidos (infecção pelo HIV ou câncer).

Como será a escolha da vacina a ser aplicada?

A escolha das vacinas para as crianças de mais de 5 anos e adolescentes, que serão divididos em dois grupos, ocorrerá de maneira aleatória durante o agendamento no site.

De acordo com as pesquisadoras, para seguir o método científico necessário para validar o estudo, nem o participante, nem o médico pesquisador que fará seu acompanhamento, saberão, no momento da vacinação, qual a vacina está sendo aplicada. As crianças menores de 5 anos somente receberão a Coronavac.

Quem estiver gripado pode receber a vacina?

As pesquisadoras afirmam que não. Se o participante apresentar febre ou sintomas gripais no momento da vacinação, ela deverá ser reagendada. Também deverá adiar a vacinação se tiver recebido gamaglobulina ou transfusão de sangue nos últimos 60 dias. (fonte: Folha Vitória)

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