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PF afirma que Bolsonaro teve acesso prévio à defesa de general acusado em trama golpista

© Valter Campanato/Agência Brasil
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A Polícia Federal apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu antecipadamente o conteúdo da defesa do general Mário Fernandes, um dos réus no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. O militar está preso desde novembro de 2024.

A informação consta no relatório que embasou o indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no caso envolvendo as sanções dos Estados Unidos. Durante as apurações, os agentes apreenderam o celular do ex-presidente, onde localizaram um documento idêntico ao protocolado pelos advogados de Fernandes no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com os investigadores, o arquivo encontrado no aparelho tinha o mesmo número de páginas que o entregue à Corte e foi protocolado cerca de uma hora após sua criação no celular de Bolsonaro.

O relatório destaca que essa coincidência demonstra que o ex-presidente teve acesso antecipado ao material. A prática, segundo a PF, viola as medidas cautelares que proíbem Bolsonaro e os demais réus de trocar informações entre si. “A submissão prévia de documentos contendo teses de defesa do réu Mario Fernandes, ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, revela a continuidade da estrutura hierárquica e do vínculo subjetivo entre os investigados”, afirma o texto.

Mário Fernandes ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Ele é apontado como autor de um documento intitulado Punhal Verde e Amarelo, que trazia planos relacionados a atentados contra o ministro Alexandre de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Ainda segundo a PF, Fernandes declarou que Bolsonaro teria dado aval para a execução de um plano golpista até 31 de dezembro de 2022. Em áudio enviado a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, o militar relatou que o ex-presidente autorizou a ação até o fim do mandato.

No entanto, em depoimento recente, o general negou a intenção de executar o plano, alegando que o documento era apenas uma “reflexão pessoal digitalizada”.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira (21) que foi surpreendida com o indiciamento e que prestará todos os esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Fonte: Agência Brasil

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