Economia

Projeto da Embrapa transforma comunidades rurais do Nordeste com turismo sustentável e protagonismo feminino

© Foto Elias Rodrigues
© Foto Elias Rodrigues

O projeto Paisagens Alimentares, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios em Alagoas e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), vem promovendo mudanças significativas em comunidades rurais do semiárido nordestino. A iniciativa alia cultura alimentar, turismo de base comunitária e geração de renda, impactando diretamente mais de 500 participantes e beneficiando cerca de cinco mil pessoas da região.

Entre os exemplos de transformação está a trajetória de Anatália Costa Neto, a Nat, integrante da Associação das Mulheres Empoderadas de Terra Caída, em Indiaroba (SE). Aos 41 anos, ela se tornou referência no empreendedorismo local com a criação do hambúrguer de aratu, caranguejo típico da região. A iniciativa lhe rendeu o prêmio Mulher de Negócio na categoria Microempreendedora Individual, superando mais de 150 concorrentes em Sergipe.

Com o apoio técnico da Embrapa, Nat e outras mulheres da associação expandiram sua produção artesanal e gastronômica, agregando valor a itens como biscoitos de capim santo, geleias de mangaba, compotas, mariscos e outros derivados da biodiversidade local. Além disso, a comunidade passou a investir no turismo de base comunitária, atraindo visitantes e fortalecendo a economia regional.

Outro destaque é o trabalho de Ana Paula Ferreira, do assentamento Olho D’Água do Casado, em Palmeira dos Índios (AL). Para ela, o projeto é “transformador”, pois trouxe visibilidade à agricultura familiar e abriu espaço para novas atividades de geração de renda, como o artesanato com elementos da caatinga e o turismo rural. A iniciativa também incentivou jovens da comunidade a permanecerem no território, aproveitando as oportunidades de formação e empreendedorismo local.

Diversidade cultural e integração regional

O projeto atua em territórios de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, envolvendo comunidades indígenas, quilombolas, assentamentos rurais e grupos de marisqueiras. Em São Cristóvão (SE), por exemplo, o trabalho das tradicionais beijuzeiras ganhou destaque, valorizando receitas históricas como a queijadinha — doce conventual adaptado à cultura local. Já no Quilombo Engenho Siqueira, em Rio Formoso (PE), a preservação da identidade africana é marcada pelo preparo do funje, prato típico de Angola que simboliza a herança da Nação Bantu.

Liderança feminina

Um ponto em comum entre as comunidades é o protagonismo feminino. Mulheres rurais lideram associações, coordenam vivências turísticas, organizam a produção artesanal e conduzem a preservação dos recursos naturais. Para a Embrapa, essa liderança tem sido essencial para a continuidade e o fortalecimento das iniciativas locais.

Um novo olhar para o semiárido

De acordo com Aluísio Goulart Silva, supervisor de inovação da Embrapa, o projeto nasceu em 2018 e foi estruturado ao longo de três anos de pesquisa e imersão. A proposta foi conectar biodiversidade, gastronomia regional e turismo comunitário como estratégias de desenvolvimento sustentável.

“A missão é valorizar os ingredientes da biodiversidade brasileira e, ao mesmo tempo, fortalecer a identidade cultural das comunidades. Com isso, conseguimos transformar saberes tradicionais em oportunidades reais de renda e visibilidade”, destacou.

Fonte: Agência Brasil

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