Sobe para 60 o número de mortos após rompimento de barragem em Brumadinho
O número de mortos em decorrência do rompimento da barragem 1 da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho , subiu para 60. Segundo o tenente coronel Flávio Godinho, um dos coordenadores da operação de resgate, dezenove corpos foram identificados. O número de desaparecidos chega a 292, segundo o último boletim, divulgado na manhã desta segunda-feira.
Um equipe com cerca de dez bombeiros estão no local onde foi encontrado ontem à noite um micro-ônibus que seria de uma pousada da cidade. Cães farejadores e uma escavadora auxiliam nas buscas. Ainda não se sabe quantas pessoas estavam no ônibus. Um morador de Córrego do Feijão que acompanhou o resgate desde cedo disse que no local onde estava o ônibus havia uma estrada. “Ali era um terreno muito baixo, há muita, muita lama”, disse.
A lama vermelha chegou hoje pelo rio Paraopeba na altura da ponte do centro da cidade de Brumadinho. O Paraopeba, dizem os moradores, era o que tinha mais peixes na região do Vale do Paraopeba, que fica entre seis serras, como Rola-Moça e da Moeda.
Hoje, o trabalho de resgate recebeu o reforço de 136 militares de Israel , que chegaram ontem em Belo Horizonte, com 16 toneladas de equipamentos de alta tecnologia, como sonares usados em submarinos para localizar pessoas em grandes profundidades. Cães farejadores também foram enviados pelo governo de Israel. A previsão é de que os israelenses ajudem nas buscas durante uma semana.
Segundo o coronel Golan Vach, líder das tropas enviadas por Israel, os sonares são capazes de identificar calor e sinais de telefones celulares em uma profundidade de até quatro metros. A expectativa é que o instrumento ajude a encontrar vítimas soterradas pela lama.
A tragédia de Brumadinho caminha para ser o maior acidente de trabalho da história do país , de acordo com o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury. O maior acidente até agora tinha sido o desabamento de um pavilhão do parque de exposições em Gamaleira, Belo Horizonte, que matou 65 operários dos 512 que trabalhavam na obra. “Com esse número de desaparecidos, deve ser o maior acidente de trabalho da História do Brasil com certeza”, afirma o procurador.
O Ministério da Cidadania vai antecipar o pagamento de fevereiro do Bolsa Família a 1.506 famílias de Brumadinho, que estão inscritas no programa, e foram atingidas, de alguma forma, pela ruptura da barragem da Vale no município. A onda de lama chegou ao rio Paraopeba, mas, segundo o governo, começou a perder força. Na tarde de ontem, os rejeitos se movimentavam a uma velocidade de menos de um quilômetro por hora, em direção à Hidrelétrica de Retiro Baixo, a cerca de 286 quilômetros do local do desastre.
O reservatório é considerado estratégico pelos técnicos do governo para impedir que os rejeitos de minério contaminem o rio São Francisco, provocando um desastre ambiental ainda mais elevado que o registrado na chamada “zona vermelha”. Na madrugada de hoje, a Vale anunciou que suspendeu o pagamento de dividendos a acionistas e o pagamento de bônus a título de remuneração variável a todos os seus executivos em decorrência da tragédia de Brumadinho. As decisões foram tomadas em reunião extraordinária do Conselho de Administração, realizada no domingo.
Em meio às cobranças sobre a reincidência da Vale num desastre ambiental de grandes proporções como o de Brumadinho, o presidente da companhia, Fabio Schvartsman, prometeu ontem “criar um colchão de segurança bastante superior” ao que a mineradora tem hoje “para garantir que nunca mais aconteça um negócio desse”.
Fonte: Gazeta Online