Economia

Taxa básica de juros sobe para 15% ao ano, decide Copom

© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Apesar da recente desaceleração da inflação, as incertezas no cenário econômico levaram o Banco Central (BC) a elevar a taxa básica de juros. Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, chegando a 15% ao ano.

A decisão surpreendeu parte do mercado financeiro, que projetava a manutenção da taxa em 14,75% ao ano, especialmente diante de algumas divergências internas sobre o rumo da política monetária.

Em nota, o Copom indicou que pretende manter a Selic em 15% ao ano nas próximas reuniões, avaliando o impacto das elevações já realizadas. No entanto, não descartou novos aumentos, caso haja uma piora no comportamento da inflação.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, informou o comunicado.

“O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, acrescentou o BC.

Este é o sétimo aumento consecutivo da Selic, que atinge agora seu patamar mais alto desde julho de 2006, quando chegou a 15,25% ao ano. A expectativa é que esta seja a última alta antes de uma possível pausa no ciclo, prevista para o segundo semestre.

Entre setembro do ano passado e maio deste ano, o BC elevou a taxa básica em seis ocasiões. Depois de se manter entre 10,5% e 14,75% ao longo de 2023, a Selic foi reajustada em etapas: uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5, três de 1 ponto percentual e mais uma de 0,5 ponto.

Inflação

A Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação, medida oficialmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o IPCA registrou alta de 0,26%, mesmo com pressões de preços sobre alguns alimentos e na conta de energia. Com isso, o acumulado em 12 meses subiu para 5,32%, acima do teto da meta.

Desde janeiro, está em vigor o novo modelo de meta contínua de inflação, com objetivo fixado em 3% ao ano e margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, variando entre 1,5% e 4,5%.

Nesse novo sistema, a apuração da meta é feita mensalmente com base na inflação acumulada em 12 meses. Por exemplo, em junho de 2025, será analisado o IPCA desde julho de 2024. Em julho, a base será agosto de 2024, e assim sucessivamente, em vez de considerar apenas o índice fechado de dezembro de cada ano.

O Relatório de Inflação mais recente, publicado pelo Banco Central no fim de março, projetava um IPCA de 5,1% para 2025. Esse número pode ser ajustado, dependendo do comportamento do câmbio e dos preços nos próximos meses. A nova edição do relatório está prevista para o fim de junho.

Já o boletim Focus, com estimativas do mercado financeiro compiladas semanalmente pelo BC, aponta que a inflação deve encerrar o ano em 5,25%, próximo de um ponto percentual acima do teto da meta. Há quatro semanas, a expectativa era ainda maior, em 5,5%.

As projeções atualizadas do BC constam no comunicado do Copom, que agora prevê IPCA de 4,9% em 2025 e de 3,6% ao fim de 2026, dentro do conceito de “horizonte ampliado”, que considera os efeitos da política monetária em um prazo de até 18 meses.

A estimativa de inflação para este ano foi ligeiramente revisada para cima, enquanto a de 2026 foi mantida. Na reunião de novembro, o Copom previa uma inflação de 4,8% em 2025 e de 3,6% ao final do segundo trimestre de 2026.

Efeitos sobre o crédito e crescimento

O aumento da Selic é uma medida clássica para tentar conter a inflação, já que juros mais altos tornam o crédito mais caro, reduzindo o consumo e a atividade econômica. Por outro lado, essa elevação pode desacelerar o crescimento do país. No último Relatório de Inflação, o BC revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB em 2025, agora estimado em 1,9%.

As projeções de mercado, porém, são um pouco mais otimistas. Segundo o boletim Focus mais recente, a expectativa dos analistas é de um crescimento de 2,2% no próximo ano.

A Selic serve como referência para todas as demais taxas de juros da economia e é usada nas operações com títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Quando essa taxa sobe, há um incentivo à poupança e uma desaceleração no consumo, o que ajuda a conter a pressão inflacionária.

Por outro lado, quando o BC reduz a Selic, o crédito se torna mais acessível, favorecendo o consumo e a atividade econômica, mas com menor eficácia no controle da inflação. Por isso, para cortar os juros, a autoridade monetária precisa ter segurança de que a inflação está controlada e não apresenta riscos de alta.

Fonte: Agência Brasil

Categorias
Economia