Brasil

“A gente está chocado”, diz representante de motoristas de App após chacina

A morte de quatro motoristas de aplicativo (Uber) em Salvador  numa aparente emboscada deixou os colegas de profissão assustados e revoltados. Motoristas fizeram protestos em vários pontos estratégicos da capital baiana exigindo justiça. Um grupo se reuniu com o delegado-geral Bernardino Brito Filho na sede da Polícia Civil para pedir agilidade na investigação, prometida por ele. O crime abalou a categoria, diz Cláudio Roberto Sena, diretor de comunicação da Associação dos Motoristas Profissionais de Aplicativos da Bahia.

Os mortos foram identificados como Alison Silva Damascena dos Santos, de 27 anos, Sávio da Silva Dias, 23, Daniel Santos da Silva, 31 e Genivaldo da Silva Félix, 48. “Dois deles eu conhecia, Alisson e Daniel. Daniel inclusive ficava muito Aeroporto. A gente está chocado com a coisa, sem conseguir entender tamanha crueldade. Acabei de ouvir áudios de um parente de Alisson relatando o que aconteceu depois do crime com o testemunho do sobrevivente, que está sem condição de falar”, diz Cláudio, lamentando as mortes.

Para Cláudio, o crime bárbaro poderia ser ainda maior. “As informações que chegaram para a gente é de que eles foram atraídos através de chamada de aplicativo. Não tá confirmado qual. Soubemos que foram chamado um a um e o quinto escapou. Aparentemente, o propósito era fazer uma chacina bem maior. Como esse conseguiu escapar e a policia chegou, o negócio acabou”, acredita.

O dirigente explica que as duas empresas, Uber e 99, estão dando apoio à investigação. Em meio às incertezas, muitos boatos estão se espalhando nos grupos que reúnem os motoristas em aplicativos de mensagens. “Tem muito disse me disse a respeito do que seria a motivação do crime. Chegou até nós que seria represália do chefe do trafico em função do bairro não ser atendido por motoristas, que evitam a área justamente por receio da violência”, afirma.

Essa possível motivação para o crime não foi confirmada até o momento pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação. Em nota, o departamento diz apenas segue o trabalho para identificar e prender os criminosos.

Procurada, a 99 informou que está apurando o caso. Através de nota, a empresa lamentou profundamente a situação e diz que se solidariza com as famílias das vítimas. “A plataforma reitera que repudia veemente esse tipo de violência e está disponível para colaborar com as investigações da polícia”, afirmou. Apesar do comunicado, a 99 não confirmou se os condutores faziam parte do banco de motoristas do aplicativo. A reportagem ainda não conseguiu contato com a Uber.

Crime

Os quatro motoristas de aplicativo encontrados mortos nesta sexta-feira (13) de manhã na Mata Escura foram torturados antes de serem executados. Os corpos foram achados depois que um quinto motorista conseguiu fugir e acionou a polícia. No barraco onde aconteceu o crime, na comunidade Paz e Vida, foi achado um gambá morto em cima de uma cama.As vítimas foram identificadas como Alisson Silva Damascena dos Santos 27 anos, Sávio da Silva Dias, 23, Daniel Santos da Silva, 30, e Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos.

Segundo as primeiras informações, os motoristas foram atraídos para o local por chamadas feitas por duas travestis, que acabaram se provando uma emboscada. Ao chegar na comunidade, os motoristas eram rendidos por um trio ainda não identificado.“Ele escapou depois de conseguir se livrar de um dos assassinos e se jogar num matagal. Ele chegou a ser perseguido, mas não conseguiram pegá-lo”, diz um agente do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que estava na cena do crime hoje pela manhã.

Depois que o motorista fugiu, ele encontrou policiais do Batalhão de Guardas do Presídio da Mata Escura e contou que tinha sofrido um ataque. Afirmou ainda que seu carro havia sido abandonado na localidade. Policiais da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) foram então até lá averiguar a denúncia.

Lá, encontraram uma cena de crime maior do que esperavam – e mais macabra. Quatro corpos estavam em sacos. Além do carro do motorista que escapou, acharam outro veículo abandonado próximo. Um rastro de sangue levava para um barraco próximo. Um gambá estava morto em cima de uma cama nos fundos do imóvel. Várias poças de sangue estavam espalhadas no local. “Foi aqui que eles foram torturados e mortos”, afirma o perito médico Marcos Mousinho, do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

A polícia acredita que as vítimas foram mortas de maneira separada. “Eram quatro corpos enrolados em lonas e todos apresentavam golpes de facão. A informação que chegou à Polícia Civil é que todas as vítimas eram motoristas de aplicativo, que foram atraídos para o local, colocados em cativeiro por algumas horas, torturados, e executados separadamente”, explica Mousinho.

Carros

Quatro dos cinco carros das vítimas, incluindo a que sobreviveu, foram achadas pela polícia. Um deles estava abandonado no Centro Industrial de Aratu (Cia). Os demais estavam ainda na comunidade Vida e Paz – dois deles, o Renault Sandero vermelho (PJU-2880), e o Hyundai HB20 (PKL 5B28) estavam próximos de um matagal. Já o Fiat Uno (OVA 9B99) estava estacionado dentro de uma garagem de um barraco vazio – a polícia está à procura também do proprietário da moradia.

Apesar das informações de que se tratam de motoristas de aplicativo, a polícia diz que ainda está em contato com a Uber e a 99 para confirmar que as vítimas estavam nos cadastros dessas empresas, que ainda não se manifestaram publicamente. “A informação preliminar é que todas as vítimas são motoristas de aplicativo. Já conversamos com alguns parentes, mas estamos confirmando com as empresas Uber e Pop”, declarou o delegado Jesus Barbosa, responsável pelo levantamento cadavérico.(Fonte: Correio 24 Horas)

Categorias
BrasilNotíciasPolicial