Agricultura

Produtores de café do ES enfrentam dificuldades para contratar mão de obra para o período de colheita

A colheita de café conilon da safra 2024 já começou em alguns municípios do Espírito Santo, estado que é o maior produtor da variedade do país. No entanto, em meio à expectativa de uma produção cafeeira de mais de 11 milhões de sacas, os produtores rurais enfrentam dificuldade em contratar de mão de obra regular entre os meses de abril e agosto para a realização do serviço. Entre os motivos, a perda de benefícios governamentais após o vínculo empregatício por carteira assinada, é um deles.

De acordo com os produtores, o valor da diária de quem trabalha na colheita de café varia entre R$ 350 e R$ 400. No entanto, o presidente do Sindicato Rural de Linhares, Antônio Bouguingnon, explicou que já recebeu em 2024 diversos relatos de produtores sobre as dificuldades em contratar profissionais para colher café no município, localizado no Norte do estado.

O motivo, segundo Bouguingnon, seria a perde de benefícios governamentais em caso de vínculo empregatício comprovado por carteira assinada. Ou seja: quem recebe algum desses benefícios prefere não assinar a carteira para, com o contrato, não ficar sem o recurso. “Em Linhares, temos um agravante ainda maior, porque as indenizações do desastre de Mariana, fizeram com uma quantia em dinheiro entrasse na comunidade. Dessa forma, dificulta a oferta de mão de obra”, explicou.

Além disso, muitas pessoas que compõem essa mão de obra são de outras cidades. Devido ao valor pago pelos produtores, esses funcionários muitas vezes precisam arcar com outras despesas, como moradia e alimentação (isso quando o produtor não oferece). Nesse caso, acaba sendo pouco atrativo mudar de cidade para trabalhar só alguns meses e ainda ter despesas. Ainda de acordo com Bouguingnon, além de a colheita contar com trabalhadores de outros municípios, a pequena oferta de mão de obra faz com que os produtores tenham que competir uns com os outros para atrair trabalhadores.

O produtor rural Eliano Blanco tem uma fazenda com cerca de 40 mil pés de cafés em Linhares. Há 10 anos, ele contrata cerca de dez trabalhadores de Minas Gerais para a colheita. “Nuca tivemos problemas e todo mundo aceitava vir sem carteira assinada. Mas este ano, com as exigências novas, ninguém aceitou trabalhar com a carteira assinada para não perder os benefícios do governo”, explicou o produtor. *Reprodução: G1ES
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